quarta-feira, 30 de junho de 2010

Combinação

Oi. No momento estou no estúdio, aproveitando o horário de almoço para refletir sobre escolhas. Hoje acordei pesado sob uma dose extra de sono, consequência de ter ido ontem de madrugada assistir à pré-estreia de Eclipse, continuação da saga Crepúsculo. É um filme que eu não gosto, mas vou dizer o porquê, e como tive sorte em ir assistir, pois é este o tema deste post.

Sorte e escolha. Ou o contrário.

Exatamente. Para alívio dos meus leitores, não pretendo falar sobre futebol, apesar da imagem da seleção brasileira. A adequação desta imagem, e também deste exemplo ao texto agora, está simplesmente no ato. Combinação.

Na Copa do Mundo, rolam combinações inusitadas de saborosa disparidade.
- Japoneses, coreanos do norte e do sul, os quais, espirituosamente sugerimos serem todos iguais;
- Europeus, os ingleses, os espanhóis, com suas cabeleiras loiras e nomes estranhos (como se robinho e grafite fossem super comuns)
- Brasileiros e argentinos, ora veja só. Coisas que não combinam, combinadas. Juntas, em obliquidade.
Ao mesmo tempo, presenciamos combinações agradáveis aos olhos, que são as parcerias entre os jogadores. A união da equipe, o toque, as jogadas, a comemoração, o esforço mútuo. Seleção é isso. Reunirmos as melhores opções, escolhemos aquelas que se fortificam em unidade, e contar com a sorte para que tenhamos feito a melhor decisão.

Combinação é um processo de filtro. Pois antes, precisamos selecionar o que vai ser combinado. Definimos o que passa e o que não passa, através de um critério previamente estabelecido. Na vida, vemos uma porrada de processos seletivos. Tem o vestibular, tem o mercado de trabalho. Escolhemos a comida e a quantidade que vamos colocar no prato, escolhemos com quem andar, quem presentear no natal. Eu, que trabalho com fotografia, frequentemente preciso selecionar, dentre as 200 de uma sessão, normalmente 20 fotos melhores que combinam entre si. E é este o primeiro filtro que forma o critério de seleção: o que é melhor?

Na copa, jogam as melhores equipes, os melhores jogadores, e mesmo assim, somente 11 de cada time em campo. Habilidade, velocidade, histórico. Quais são seus critérios para definir o que é melhor? Como você seleciona? Eu seleciono minhas fotos considerando definição, balanceamento de luz, ângulo, enquadramento, expressividade.

Pois bem. Num mundo onde somos sempre incentivados a fazer escolhas, lidarmos com suas consequências e admitir poder sobre elas, me deparo com a adaptação cinematográfica de uma obra literária que eu considerei inspiradora, depois de muito criticar. Eu continuo não gostando de Crepúsculo. É mais um filme apoiado na estética, assim como Avatar. Pouca história, poucos conceitos positivos a serem incorporados. Quando terminei de assitir, saí elogiando a fotografia e a direção, que são os elementos estéticos de um filme. A delicadeza, a precisão das tomadas, os enquadramentos harmoniosos e a colorização coerente com o momento da trama (azulado no momento dark, escuro no momento down, esclarecendo agora, num momento positivo para a personagem). Aí meu amigo me explica:

(rick) - Lucas, serão 5 filmes. "Amanhecer", o último, será dividido em dois, pois é muito grande.
(lucas) - ??? DOIS?! Para os três livros anteriores, eu teria produzido UM SÓ FILME, com a quantidade de história que apresenta. Agora vão produzir dois filmes para um só livro?

Minha revolta estava no fato de haver cinco produções cinematográficas milionárias só para contar a história de uma garota que não sabe o que quer da vida. Tem problema de seleção.
Nao precisa 5 filmes. 1 bastava: Ela muda de cidade, conhece e dá uns pegas num vampirão, a irmã dele quer matá-la, ela conhece outro mais gostoso e descolado, treta com os dois, fica sozinha, ela volta com o primeiro, o segundo fica chupando o dedo, a cunhada assassina é derrotada, ela se casa e engravida e aparece numa cena no Brasil. Pronto. MENOS de 1 filme.
Tá parecendo Viver a Vida. 1 semana pra contar o batizado do filho da personagem secundária que parece a Rihanna.

Comentei isso com meu amigo Jhony. Ele replicou, romântico: "eu gosto do romantismo da saga, é bonito. "
Romantismo? Ela é uma putona. Quer dar pros dois. QUER DAR. Essa é a mensagem da Stephenie Meyer. "Garotas, a Bella quer DAR. Só isso. E quer dar pros DOIS. O pior é que nenhum dos dois quer comer. Porque ela tem os dentes encavalados, é vesga e tem voz de cabeleireira de vila. Faltou selecionar e combinar os fatos mais importantes desta história, a fim de haver uma só mensagem, densa, precisa e engrandecedora. Mas como o filme tem toda uma roupagem, uma atmosfera de olimpismo estético, todos sao bonitos, enfim, tudo para massificar e gerar na grande maioria do publico uma projeção de ideal de beleza, ela parece a mais pura das Sandies e desperta a empatia do espectador.

Mas me diverti demais com o filme. Como eu já esperava, eu e meus amigos fizemos os melhores comentários. Mentalizamos combinações premiáveis, como:
- E se o cavalo que o vampiro está cavalgando fosse um HIPOPÓTAMO? :D
- Nessa hora a Bella peida. (momento romântico em que ela está abraçada, amparada pelos amados, e com cara de desconforto.
- E o ganhador da São Silvestre ééé (momento em que todos os personagens, lobos, vampiros e caiporas estão correndo atrás sabe-se lá do quê)

Voltando ao meu exemplo, minha escolha de assistir ao filme foi sortuda. Fui com meus melhores amigos, a melhor das combinações, e ainda consegui inspiração para um post. Meus leitores, a lição que aprendi e quero dividir hoje é: Selecione. Não tenha medo de escolher, vá ao cinema com seus melhores amigos. Das 200 fotos do seu orkut, exclua 180. Se você está entre dois amores, escolha um. Mesmo que se arrependa. Enquanto você escolhe, o tempo passa, e o processo seletivo só é experiência quando consumado. Não seja uma Bella. Com cara de dor de barriga, frescura no rabo, reclamando de barriga cheia de dois amores maravilhosos para escolher e cinco filmes só pra essa lenga-lenga. Selecione, e então, ouse combinações. Unidade.

A grande referência para esta lição é o técnico DUNGA. Pois é. Ele selecionou os que ELE, TÉCNICO, considera os melhores. Ouviu críticas por deixar os que ele não considerava preparados de fora, mas trabalhou, treinou a equipe e está tendo um resultado regular.
Faça suas escolhas, faça suas combinações, respeite as alheias. Pelo menos ele não levou cinco filmes para saber qual era a melhor equipe.

E obrigado por escolher ler esse looongo post, que combina com você, rs. :]
Lucas Miolla

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Relação



Oi. No momento eu estou sentado meio desconfortável na minha cama, com a cabeça apoiada na cabeceira da cama, ouvindo Larger Than Life, dos Backstreet Boys. Aqui é meu blog, então eu não tenho pudor ou vergonha nenhuma de dizer que ouço e aprecio os Backstreet Boys. Também porque eles tinham um bom produtor, por isso, faziam boa música, consequentemente eram um bom produto. De longe melhores do que as boy/teen bands de atualmente.

Mas este post não diz respeito aos Backstreet Boys, ou essencialmente, como se espera dos meus textos, divagações acerca do gosto pessoal que cada um tem o direito para arte e música. Mas eles não estão longe da realidade que quero discutir nessa postagem. A música que estou ouvindo enquanto escrevo se chama Larger Than Life, carro chefe do álbum mais legal deles, Millennium. Além de ter me inspirado a escrever o meu segundo livro, L. T. L. traz uma letra tão sábia, tão profunda, que vocês, leitores, ficariam surpresos ao encontrá-la nas páginas do encarte desta banda, dividindo espaço com as fotos de 5 garotos marotos.

Tudo bem, ela começa daquele jeito bem comercial, uma introdução bem mastigada, prontinha para ser decorada e cantada com afinco. Mesmo assim, ela se agrega à sintaxe deste texto com beleza. Não quero deixar o meu post muito grande, por isso não vou colar a letra com seus yeah, yeah, yeahs aqui. Vou somente mencionar os pontos mais importantes dela. Para os interessados, http://letras.terra.com.br/backstreet-boys/2793/.

Posso correr e me esconder
Quando você grita meu nome, tudo bem
Mas deixe-me dizer agora
A fama tem seu preço também
Todo o nosso tempo sob os holofotes

(Refrão)
Todos vocês não conseguem ver, não conseguem
Como o amor de você afeta nossa realidade
Sempre que estamos na pior, vocês nos deixam melhor
E isso torna vocês maiores que a vida
Tudo bem!

Superficialmente, esta música fala de fama, e eles agradecem toscamente à existência das fãs. Sim, eu sei, parece que estou me contradizendo, criticando a pobreza de espírito que podemos atribuir a uma composição falsamente altruísta. Mas a verdade é que esta música mostra que estes garotos simplesmente tinham toda a razão. Afinal de contas, importa na vida, aquelas pessoas que nos odeiam, que nos acham chatos, insignificantes, piegas, pouco capazes? Não, os Backstreet Boys sabiam que o importante era estar atento e agradecer a quem os amava. Ok, o produtor, o compositor, enfim. Vocês entenderam.

Os Backstreet Boys tinham razão, também têm toda a razão o Bob Esponja e o Patrick Estrela. A quem nunca teve a alegria de se divertir com esse desenho, fica a dica. Eles são sábios. Se importam somente com aqueles que os amam, se importam em se divertir e fazer as outras pessoas felizes, sim, ingenuamente. E o mau humor do pessimista Lula Molusco nunca os afeta. Este, crica, sempre prova que está errado. Pode ser bem informado, por isso, nem de longe otimista, mas ele está errado.

Não estou aqui querendo defender a burrice. Afinal, é a inteligência que nos permite tal reflexão. O que estou querendo defender, é que aprendamos com os Backstreet Boys, o Bob Esponja e todas as coisas puras da vida, a nos importarmos com quem nos ama. Fim da ilustração, vamos ao meu exemplo pessoal. Rs.

Nesta semana, cobrei decência de pessoas que me deixaram de fora de algo que eu desejava muito ter feito parte. E a justificativa foi que eu não me enquadrava mais no estilo de vida dessas pessoas, e por isso, já não aparecia mais e não era lembrado. O problema é que eu tenho sido lembrado, e minha vida, muito discutida por estas pessoas. Então perguntei: É fácil se lembrar de mim para discutir minha vida, mas não o suficiente para me incluir?
Estas são as pessoas a quem, aqui no Blog, chamo de "Smaller Than Life". Porque estão ocupadas me criticando, e não olham para os próprios defeitos. Deixei claro: a diferença é que eu não disfarço o que penso e o que faço, enquanto estas pessoas inspiram perfeição com sua hipocrisia.

Isto não significa que as críticas não sejam importantes. É fundamental saber ouvir críticas e amadurecer com elas. Mas somente se elas vierem de pessoas que nos amam e fazem questão de demonstrar isso, afinal, é porque somos amados que somos criticados positivamente.

Para acrescentar a este exemplo, hoje eu tive um dia difícil. Contei um pouco disso para minha chefe, a qual é minha amiga, e sabe separar os momentos devidos com admirável profissionalismo - e carinho. Eu estava me sentindo inseguro em relação a outra pessoa, numa luta que estava passando. E ela disse, convicta "Sou mais você... Ah, não sei o porquê. É porque eu gosto de você, mesmo". Eu ri, agradeci e disse o quanto aquilo me deixava feliz, e o meu dia terminou bem. Um voto de confiança de uma pessoa a quem eu admiro e quero bem. Mais do que isso, a retribuição das minhas boas vibrações.

Por fim, quando cheguei em casa, já com estas ideias para o blog na ponta da língua, uma amiga minha me contou que roubaram a senha do Orkut dela e excluíram. Fiquei me perguntando, de início: Porra, quem faria uma sacanagem dessa com ela? Quando eu fui responder a ela, porém, eu não disse essas palavras. Eu disse: Em vez de pensar nas pessoas que não gostam de você a ponto de terem sacaneado seu perfil pessoal, vamos pensar nas que amam você e estão do seu lado agora.

Quem não nos ama, sempre critica, não ouve, e nos coloca pra baixo, atrai e distribui coisas negativas sobre nós. Quem nos ama grita nosso nome, faz compensar o cansaço dos holofotes. Quando estamos pra baixo, sabe nos deixar melhor. Quando nos critica, nos mostra como melhorar, desejam o nosso melhor. Quem não nos ama, não têm nada de bom para nos trazer. E os que amam, já são algo de bom presente. Essa é a diferença.

Tendo lido isso, quero que o leitor finalmente tenha engolido um post que começou com Backstreet Boys. Não precisa mais explicar que vou procurar sempre, assim como fiz com a sopa, uma figura para simbolizar os meus sentimentos nos posts. Quero deixar de bom, para você que leu este texto, a lição que aprendi, hoje. E que os Backstreet Boys e o Bob Esponja, e as pessoas maravilhosas que me amam na vida e a quem amo, todos estavam tentando me ensinar:

Devemos nos importar, prioritariamente, com quem nos AMA.
E quem não nos ama? Fim do Post.

Obrigado, novamente, pela leitura :]
Lucas Miolla


domingo, 13 de junho de 2010

Inversão

No momento eu estou tomando uma sopa de galinha da Maggi. Contrariando os meus planos, quando eu pretendia consumir, possuir e destroçar uma galinha viva, ou qualquer carne de difícil digestão típica de domingo, eu estou tomando sopa. E ela está maravilhosa. Tem um gostinho de maturidade.

Não, você que está lendo e certamente me conhece, eu não estou me achando O maduro, ou velho. Mas sabe aquela sensação maravilhosa de quando passamos daquele castelo difícil pra caralho do Super Mario World? Não que no dia dia façamos assim, verbalmente, como acontece quando jogamos video game, mas ver o castelinho sendo destruído com aquele som de pum nos faz pensar: Puta que pariu. Finalmente passei desta fase. E é assim que estou me sentindo com esta sopa que está quase esfriando. Passei uma fase na minha vida.

Mudar de fase certamente torna minha vida mais interessante e digna de ser vivida ou transformada em filme, porque numa história, num livro, num filme ou qualquer descrição narrativa a que a gente se disponha, é fundamental que haja TRANSFORMAÇÃO.

Pode reparar. Na primeira fase, os Mario Brothers têm um tamanho, e na última, o dobro do tamanho, uma capa para voar, um dinossauro que funciona como cavalo e pac-man uma bagagem cultural bem mais branda (7 chefões). Também para ilustrar, no momento a partir do qual a história passa a ser contada (também conhecido como início), os bolos são crus, brancos e te fazem um mal desgraçado no estômago se você comer. Depois de um tempo no forno, eles são quentes, macios e saborosos. Do começo ao fim, você se forma na faculdade, vence uma doença, se apaixona, aprende a andar de bicicleta. Coisa que antes não era. É assim que funciona. Você só tem história pra contar, se do início ao fim, alguma coisa mudou, e é isso o que a minha sopa representa.

Estava tudo dando certo demais. Eu estava fazendo trabalhos fantásticos na faculdade, progredindo no rendimento no meu estágio (onde ajudo e aprendo a ser fotógrafo), tendo ótimos resultados na academia de musculação e tendo uma grata e confortadora surpresa na vida amorosa. Este era o meu estágio inicial. Eis que veio a transformação. A mudança de fase. Aquela mexida no queijo, que sempre estava lá para o ratinho comer. E o médico disse que eu precisava de uma cirurgia de urgência. Passei a semana de provas no hospital, só posso voltar à academia daqui dois meses, e os antibióticos me derrubam e não me deixam sair de casa para trabalhar (meu prazer). O dia dos namorados? Longe do amor! Rs. Ah, isso sem falar na agradável cirurgia.

Pode dizer: ah Lucas, não seja ingrato, tem gente pior do que você. Agora imagine tudo o que você curte na vida. E imagine-se SEM. Hehe, dou graças, porque estou sarando, sei que tem gente pior de saúde e de vida, mas convenhamos... Todo mundo, eu digo, todo mundo MESMO, gostaria de estar melhor. Então para uma pessoa que levou um baque, nunca diga, "ah, meu, poderia ser pior". Diga "Poderia ser melhor", porque isso vai incentivar a pessoa a ver que ela está no fundo do poço com 30 cm de cocô, e que não há oportunidade melhor do que essa para MELHORAR DE VIDA.
Isto porque todo mundo deseja uma TRANFORMAÇÃO. Todo mundo deseja que sua vida mude. Para melhor. A gente quer viver um filme, a gente não quer terminar do mesmo jeito que começou.

Ao mesmo tempo em que eu contemplo minha panela caída com leite derramado, meu grande amigo, parceiro de longa data, tomou uma decisão revolucionária. Ele OPTOU por uma transformação na vida dele. Consultou nosso louvado Deus, e com o aval do cara lá de cima, saiu da faculdade em que não se sentia ajustado para finalmente estudar o universo que tão claramente o fascina. Esta transformação a que ele está se submetendo se chama AJUSTE. Diferente da minha, que foi uma INVERSÃO, ele está até bem no caminho em que se encontra, mas resolveu mudar para obter resultados diferentes (melhores). Se bem que, do Direito para a Publicidade, enxergo mesmo é uma INVERSÃO. Rs.

O importante de tudo isso é que você que está lendo reconheça na transformação uma coisa maravilhosa. Pode parecer que este foi um post de desabafo (e eu admito e adoro que seja, reclamar da vida é um sinal de que estamos vivos e queremos que ela se ~transforme~), mas na verdade é um post didático. Leitor, aprenda a lidar com a transformação. E enquanto ela não acontece, promova. Quando estamos num lugar ou situação completamente nova, com ou sem as armas de sempre, somos transformados também. Nos adaptamos. Mudamos o OLHAR. Amadurecemos. Nos encontramos num estado diferente, sabemos que não vamos terminar do mesmo jeito que começamos. Na transformação, vivemos um FILME. E finalmente você entende porque é tão importante criar um blog em pleno domingo à noite, pelo simples fato de estar tomando uma SOPA.

Obrigado pela leitura :]

Lucas Miolla